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Finanças corporativas

M&As: o mundo parou, o Brasil acelerou – 01/07/2025

Índice

Argoplan nasce como terceira maior administradora de shoppings do Brasil

A partir de 1º de julho, Argo Participações e Replan unem forças para criar a Argoplan, que se posiciona como a terceira maior administradora de shoppings do país. A fusão reúne 30 centros comerciais em 22 cidades, totalizando:

  •  850 mil m² de Área Bruta Locável (ABL)

  •  5 mil lojas, 35 mil vagas de estacionamento

  •  R$ 10 bilhões em faturamento anual

A nova empresa combina 23 imóveis da primeira com 7 da segunda, incluindo 13 shoppings próprios. Com estrutura pensada para somar escala, a gestão reforça sua capacidade de negociar e atrair grandes varejistas. O sócio da Replan, Leandro Lopes  ex-CFO da BRMalls assume como diretor de planejamento, negócios, jurídico e financeiro. A sede será no Rio de Janeiro, com filial prevista em São Paulo até o fim do ano.

Além dos 30 ativos, o plano é crescer para 35 até o final de 2025: dois por fusões ou aquisições, dois sob gestão e um novo empreendimento no interior de SP, com entrega prevista para 2028. Em Minas, inaugura-se um projeto greenfield em Lagoa Santa (R$ 300 milhões), com previsão para 2027.

Destaques principais:

ItemDetalhes
Escala30 shoppings agora; plano de 35 até fim de 2025
# Empresas maioresFica atrás da Allos (58 centros) e AD Shoppings (43), à frente da Multiplan (20) e Iguatemi (17)
ExecuçãoLeandro Lopes lidera planejamento; Felipe Andrade e Luana Bomfim assumem áreas operacionais e de tecnologia. Hugo Matheson e Marcela Bretas no conselho

Expansão alinhada ao mercado

A meta de chegar a 35 centros até 2025, incluindo projetos como Lagoa Santa, mostra ambição por crescimento orgânico e via aquisições, mesmo num cenário de juros elevados (~15%).

Time de gestão forte e equilibrada

Liderança compartilhada — com experiência combinada em finanças, operações e tecnologia e estrutura societária 50/50 garantem alinhamento e governança eficiente.

Vale mira no topo: ambição de superação para tornar-se líder global

A Vale, agora sob a liderança de Gustavo Pimenta (CEO desde outubro de 2024), traça um plano ambicioso: voltar ao topo como a maior mineradora do mundo, com foco em valor de mercado e produção robusta de metais.

A empresa visa reconquistar seu lugar de destaque  caiu para a 9ª posição (US$ 43,9 bi em valor de mercado), muito atrás dos rivais BHP e Rio Tinto. A estratégia inclui:

  1. Estabilidade operacional e segurança reforçada, para recuperar a confiança.

  2. Meta de produção de minério de ferro de 360 milhões de toneladas até 2030, voltando ao posto de maior produtora global.

  3. Iniciativa Novo Carajás no Pará, com investimento de até R$ 70 bi, visando elevar produção local de 175 a 200 milhões de toneladas.

  4. Ampliação da produção de cobre (minerais críticos para a transição energética) e fortalecimento do níquel produzido no Canadá.

Principais destaques

PontoDetalhes
Valor de mercado atualUS$ 43,9 bi — cerca de 1/3 da BHP, menos da metade da Rio Tinto
Meta de produçãoAtingir 360 mi ton/ano até 2030 (em 2024 foram 328 mi ton)
Investimento estratégicoR$ 70 bi no “Novo Carajás” — produção local de ferro de 200 mi ton
DiversificaçãoDobrar produção de cobre nos próximos 10 anos; reforço no níquel canadense

Volta ao topo com ferro

Alcançar 360 milhões de toneladas/ano posiciona a Vale como a principal fornecedora de minério de ferro — vital para aço e mercado global.

Aposta em minerais críticos

Foco em cobre e níquel impulsiona a entrada na cadeia da transição energética: esses metais serão o “petróleo do próximo século”.

R$ 70 bi no Novo Carajás

O grande investimento indica compromisso com produção local, sustentabilidade e crescimento controlado no Pará, reforçando a base de ativos da empresa.

Azzas redefine governança para destravar integração pós-fusão

A Azzas 2154 — resultante da fusão entre Arezzo e Grupo Soma — anunciou um acordo de governança entre os principais sócios, Alexandre Birman e Roberto Jatahy, após meses de disputas que atrasaram a integração dos negócios.

  • Acordo sem troca financeira: os sócios pactuaram retirar o acordo de acionistas temporariamente, mantendo apenas cláusulas como lock-up, para criar ambiente mais colaborativo.

  • Reestruturação do conselho: Pedro Parente sai da presidência, atribuição agora assumida por Nicola Calicchio (ex-McKinsey e Morgan Stanley). O conselho foi reduzido de nove para sete membros, com Marcel Sapir subindo a vice-presidente.

  • Comunicação aberta: qualquer impasse futuro sobre estratégias deve ser discutido abertamente no conselho, sem prévias divisões entre as unidades de negócio.

Destaques principais

  • Governança simplificada: acordo de acionistas “na gaveta” e remoção de estruturas defensivas.

  • Conselho enxuto: de 9 para 7 integrantes, presidente e vice renovados.

  • Foco na integração: facilitação da unificação de áreas e cultura, com ganhos operacionais.

Acordo pacífico e sem saída societária
A retirada do acordo de acionistas reduz barreiras e evita divisões internas, sinalizando um movimento de cooperação e menos defensividade entre os sócios.

Conselho reestruturado com propósito executivo
A escolha de Nicola Calicchio como novo presidente e a redução do colegiado indicam foco em execução e governança prática, em vez de discussões meramente representativas.

Integração acelerada para fortalecer o grupo
Com alinhamento claro entre Birman e Jatahy, a Azzas ganha impulso para consolidar operações, unificar centros de distribuição e obter sinergias fiscais e operacionais.

Setor de energia lidera M&A no Brasil: aposta em transição energética e digital

O setor de energia voltou ao centro das fusões e aquisições (M&A), liderando os negócios no país. Segundo o último relatório do Instituto IMAA, globalmente energia e petróleo somaram US$ 40,7 bilhões em transações até abril, roubando a cena entre os setores mais ativos.

No Brasil, esse movimento é ainda mais evidente:

  • Em 2024, o setor elétrico atingiu 72 operações de fusões e aquisições, um aumento de 41 % em relação a 2023 e recorde em duas décadas.

  • A motivação é clara: transição energética, inovação digital e segurança no fornecimento, obrigando empresas a diversificar seu portfólio, migrando de modelos tradicionais para renováveis e serviços tecnológicos.

  • O modelo se reproduz também em energia solar, com M&A crescendo 76 % em 2024 e movimentando pelo menos 3,6 GWp em transações.

Destaques principais

  • US$ 40,7 bi em M&A global nos setores de energia e petróleo até abril  praticamente metade dos transações globais.

  • 72 fusões no setor elétrico brasileiro em 2024 – recorde em 20 anos e alta de 41 % em relação a 2023.

  • +76 % em M&A no solar em 2024, com 51 operações somando 3,6 GWp transacionados.

Transição energética gera movimento de M&A
A urgência em migrar de fontes fósseis para renováveis e integrar tecnologias digitais cria valor e aumenta a atratividade dos ativos, especialmente os menores.

Segurança e diversificação como motor estratégico
Empresas estão adquirindo portfólios diversos — solar, termelétrico, transmissão para garantir estabilidade no fornecimento mesmo com intermitência de fontes limpas.

Crescimento no energia solar representa oportunidade
Com 76 % de aumento nas transações, o mercado solar atrai grandes players que consolidam mercado, buscando escala e competitividade no novo cenário energético.

“Efeito Trump” leva M&A global ao menor nível em 20 anos

O “efeito Trump”  disparado por tarifas extemporâneas, juros altos e instabilidade política derrubou o número de fusões, aquisições, alienações, financiamentos e joint‑ventures para apenas 16.663 transações em 2025, o menor desde 2005, com queda de 16 % em relação a 2024.

  • A política tarifária errática do presidente Trump adicionou incerteza ao mercado mundial de M&A, paralizando negócios.

  • Transações globais caíram para mínimo de duas décadas  cotadas em cerca de 2.330 contratos assinados em abril, menor patamar desde fevereiro de 2005.

  • Nos EUA, só em abril foram apenas 555 deals  o menor volume mensal desde maio de 2009, durante a crise financeira.

  • A volatilidade elevada e os spreads de juros dificultam o financiamento, especialmente para PMEs .

Destaques principais

ItemDetalhes
16 663 transaçõesTotal de M&A e similares em 2025 — menor desde 2005
–16 % vs 2024Redução significativa no número global de transações
555 acordos em abrilMenor nível mensal desde maio de 2009 nos EUA

Tarifas erráticas geram bloqueio estratégico
Empresas e bancos estão “segurando o gás”  evitando novos negócios até haver mais clareza regulatória e estabilidade.

PMEs vulneráveis, grandes empresas melhor posicionadas
Junções e aquisições por médias empresas despencaram, enquanto grandes empresas — com maior resiliência — conseguem driblar a instabilidade.

Volume em mínimos históricos sinaliza recessão de confiança
M&A é indicador da saúde econômica: nivelar ao patamar de 2005, pior do que na crise financeira ou pandemia, reflete retração global na disposição de investimento.

Franquias seguem em alta: M&A como estratégia para expandir e inovar

m&a

O mercado de franquias tem se destacado nas fusões e aquisições (M&A), com especialistas prevendo continuidade dessa tendência. Pequenas redes eficientes estão buscando escala sob grandes grupos — e os grandes players estão investindo em holdings multimarcas que aportam gestão estratégica e governança.

  • Exemplo claro: em 2022 a Nestlé comprou o grupo CRM (Kopenhagen e Brasil Cacau); em 2023, Arezzo se fundiu com Grupo Soma, criando a Azzas 2154 (30 marcas, 2 000 lojas, 1 500 franquias); em 2024, a Zamp (Burger King) incorporou Subway e Starbucks.
  • Para Adir Ribeiro (CEO da Praxis Business), o sucesso em M&A exige governança sólida, comunicação clara e sintonia cultural.

  • A SMZTO (16 redes, 5 000 unidades, R$ 10 bi em vendas) opta por participações minoritárias com gestão ativa, capacitação contínua e auditoria.

  • O CNA incorporou a CTrl+Play em 2024, transformando-se no grupo educacional CNA agora multimarca, multicanal, com previsão de R$ 800 mi de faturamento e 961 unidades até fim de 2025.

Destaques principais

  • Casos relevantes de M&A no setor: Nestlé/CRM, Azzas, Zamp integrando marcas icônicas.

  • Desempenho da SMZTO: 16 redes, 5 mil unidades, R$ 10 bilhões em vendas, forte presença em alimentação, educação e saúde.

  • Expansão do CNA+: 961 unidades previstas, R$ 800 milhões de faturamento, atuação híbrida física e digital.

Escalonamento via multimarcas
Pequenas redes ganham visibilidade, acesso a recursos e estrutura eficiente ao serem adquiridas por grandes holdings, acelerando crescimento com investimento compartilhado.

Governança ativa é fundamental
Participações minoritárias com ações no dia a dia das marcas, auditoria rigorosa e capacitação estruturada demonstram que o sucesso vai além do aporte financeiro  é preciso envolvimento estratégico.

Valorização de diversificação e inovação
O CNA+ ilustra a estratégia de expansão por canais e produtos (físico, digital, híbrido), consolidando presença nacional e indo além do modelo tradicional de franquia.

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