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Finanças corporativas
Um estudo do UBS BB revela que investidores asiáticos intensificaram operações de fusões e aquisições (M&A) no Brasil em 2025. Até meados de setembro, os asiáticos estavam responsáveis por quase 40% do volume cross-border, totalizando cerca de US$ 12,5 bilhões. Esse valor representa 14,5% do montante global de US$ 35,2 bilhões em M&A no país.
Das 16 maiores fusões anunciadas no ano, 5 tiveram participação de capital asiático — inclusive operações da China. Setores como infraestrutura, energia, mineração, óleo e gás lideram esse interesse, mas há movimentação também em varejo e tecnologia.
A ascensão vem junto de uma mudança nas relações globais: com restrições dos EUA à China e busca por investimentos em ambientes mais estáveis, o Brasil surge como destino atraente para quem busca diversificação. O UBS projeta que esse fluxo vai crescer ainda mais até o fim do ano.
Ponto | Detalhe |
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Volume asiático em M&A cross-border | ~ US$ 12,5 bilhões até setembro de 2025 |
Participação no total de M&A no Brasil | 14,5% dos US$ 35,2 bilhões transacionados |
Entre os maiores negócios | 5 das 16 maiores fusões envolveram capital asiático |
Setores mais visados | Infraestrutura, energia, mineração, petróleo & gás; também varejo e tecnologia |
Motivo do aumento do interesse | Cenários geopolíticos, restrições nos EUA, boas relações Brasil-Ásia e estabilidade do país |
Cross-border = investimento internacional
“Cross-border M&A” significa fusões ou aquisições feitas por empresas de outros países — no caso, da Ásia — que investem em empresas brasileiras.
Importância geopolítica
Restrições políticas e tarifárias nos Estados Unidos tornaram mercados como o Brasil mais atraentes para investidores asiáticos buscando novas oportunidades e menor interferência regulatória.
Setores defensivos são porto seguro
Investimentos crescentes em infraestrutura, energia, mineração e óleo & gás ocorrem porque esses setores oferecem geração de caixa previsível, menos sensibilidade a crises econômicas e demanda constante — ideal para quem busca segurança com bom retorno.
O mercado global de aberturas de capital vive um momento de contrastes. De um lado, a Índia e outros emergentes surfam uma onda de confiança, atraindo investidores com IPOs bilionários e uma regulação mais ágil. No caminho oposto, os Estados Unidos enfrentam um impasse inusitado: a paralisação do governo congelou a atuação da SEC e deixou diversas ofertas no limbo, apesar de já ter movimentado mais de US$ 30 bilhões em 2025. No Brasil, a situação é ainda mais delicada: há quase quatro anos não se vê uma listagem relevante na B3. A combinação de juros elevados, insegurança regulatória e fraco desempenho de estreantes afastou investidores e empurrou empresas para alternativas como fusões, aquisições e follow-ons.
No balanço, o cenário mostra que o apetite por risco existe, mas a janela de oportunidades depende fortemente da estabilidade macroeconômica e regulatória de cada país. Enquanto a Índia atrai capital com velocidade e previsibilidade, os EUA sofrem com bloqueios institucionais e o Brasil permanece em compasso de espera, forçando companhias a buscar outros caminhos de financiamento e crescimento.
O Brasil enfrenta seu “maior hiato de IPOs em quase 30 anos”. O último grande ciclo de listagens se encerrou em 2021, e desde então poucas empresas têm aberto capital no mercado local.
Essa “seca” não é só consequência de crise global, mas reflexo de fatores locais: juros elevados, ambiente macroeconômico incerto, carga tributária pesada, insegurança jurídica e baixa previsibilidade regulatória.
Como resposta, muitas empresas brasileiras têm buscado alternativas de captação — IPOs no exterior, ofertas subsequentes (follow-ons), fusões e aquisições.
Custo de capital elevado: Juros altos reduzem o apetite de investidores por ativos de maior risco, favorecendo aplicações mais seguras como títulos públicos.
Avaliações frágeis: IPOs exigem estimativas de valor futuro — em ambientes de alta volatilidade ou perspectivas instáveis, essas projeções são mais riscos que oportunidades.
Liquidez e dinâmica de mercado: Com poucas empresas novas, o mercado de ações no Brasil fica “envelhecido”, com menor renovação e menor diversidade de papéis, o que também afasta novos entrantes.
Regulação e governança: Empresas hesitam em listar se não estiverem seguras sobre obrigações com acionistas minoritários, regras contábeis, proteções e fiscalizações.
País / mercado | Ambiente favorável | Obstáculos principais | Estratégias emergentes |
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Índia / mercados emergentes | Regulação flexível, forte demanda doméstica, apetite por inovação | Concorrência, riscos macroglobal | IPOs robustos, listagens locais, expansão via capital interno |
Estados Unidos | Mercado de capitais profundo, base global de investidores | Crises institucionais (shutdown), regulação pesada, competição de ofertas | IPOs “pausados”, pressão regulatória, financiamento alternativo via capital privado |
Brasil | Potencial de empresas competitivas, mercado inexplorado | Juros altos, insegurança jurídica, baixa renovação de empresas listadas | Buscar IPOs no exterior, ofertas subsequentes, fusões e aquisições estratégicas |
Cenário otimista (recuperação gradual): Caso haja queda dos juros no médio prazo, maior estabilidade política e reformas regulatórias, poderemos ver uma reativação tímida de IPOs, especialmente de empresas de tecnologia, agronegócio e infraestrutura.
Cenário realista (equilíbrio via alternativas): A retomada forte de IPOs pode demorar. Assim, veremos mais fusões & aquisições, joint ventures, ofertas internacionais e follow-ons de empresas já listadas.
Cenário pessimista (prolongamento da estagnação): Juros que não recuam, crises políticas ou choques externos prolongados podem manter o mercado de IPOs brasileiro “adormecido” por mais tempo.
Para “desbloquear” esse ciclo, seriam úteis ações como:
reforma regulatória que fortaleça proteção a acionistas minoritários e ofereça previsibilidade legal
incentivos à listagem de empresas menores (ex: regras diferenciadas, menores custos)
reformas macroeconômicas que reduzam juros e tragam confiança de longo prazo
modelos híbridos de listagem (ex: dual listing Brasil + exterior)
Depois de um hiato de pouco mais de um ano sem aquisições, a Orizon retoma sua agenda de fusões e aquisições ao comprar 100% da G4 Gestão e Controle de Materiais, que opera um aterro sanitário em Presidente Prudente (SP). A transação foi avaliada em R$ 40 milhões, incluindo cláusula de earn-out vinculada a desempenho futuro.
O aterro está em funcionamento há cerca de um ano, já processou 100 mil toneladas e gera entre R$ 7,5 e R$ 8,5 milhões de EBITDA anual. A Orizon visualiza potencial de dobrar esse volume.
A compra marca a entrada da companhia no oeste paulista, uma localização estratégica por causa da proximidade com municípios do Paraná e Mato Grosso do Sul. Também reforça a tese de gerar valor com biogás, reciclagem, créditos de carbono e uso da infraestrutura local de biometano. A Orizon já havia captado R$ 635 milhões em follow-on, com R$ 400 milhões aportados por acionistas controladores.
Aquisição de 100% da G4, dona do aterro de Presidente Prudente (SP)
Valor da transação: R$ 40 milhões, com earn-out
Volume já processado: 100 mil toneladas
EBITDA do ativo: entre R$ 7,5 e R$ 8,5 milhões/ano
Potencial de dobrar volume e expandir capacidades em biogás, reciclagem e créditos de carbono
Uso estratégico do gasoduto de biometano que atende a cidade
Captação recente de R$ 635 milhões para financiar M&As e expansão
Retorno à estratégia inorgânica
Após um período sem fazer aquisições, a empresa demonstra que está pronta para reinvestir e crescer por meio de compras estratégicas de ativos.
Integração vertical sustentável
Ao adquirir um aterro, a empresa pode expandir além de destinação de resíduos: entrar em biogás, purificação de biometano, captura de carbono etc.
Posicionamento geográfico vantajoso
O ativo em Presidente Prudente dá acesso a regiões vizinhas com demanda de resíduos e fortalece a presença da empresa em um estado economicamente relevante.
A Americanas está avançando com a venda da sua unidade de serviços financeiros, Uni.Co, e já recebeu proposta de R$ 153 milhões. A operação ainda está em fase de estruturação. A ideia é que a empresa se desfaça dessa divisão para focar em seu core business de varejo, reduzindo riscos e simplificando sua estrutura.
Proposta estimada de venda: R$ 153 milhões
Unidade vendida: Uni.Co — braço financeiro da Americanas
Motivação: simplificar estrutura e focar no varejo
Status: negociação em andamento, não concluída
Desinvestimento estratégico
Ao vender Uni.Co, a empresa busca limpar o balanço, reduzir complexidade operacional e concentrar esforços onde tem mais vantagem competitiva — no varejo.
Recuperar liquidez e foco
A quantia recebida pode ajudar a reduzir dívidas ou reforçar caixa, o que dá mais fôlego para enfrentar desafios de mercado e competição no setor de comércio.
Transição de papel da operadora financeira
A saída desse segmento mostra uma mudança de postura: em vez de ser varejista + fintech, a empresa volta ao modelo mais tradicional, com menos riscos regulatórios e operacionais.
A Tirolez, tradicional marca do setor de laticínios, comprou a Levitare — especializada em queijos frescos de búfala — e incorporará a burrata ao seu catálogo. A Levitare já oferece uma linha diversificada de queijos de búfala, incluindo burrata, ricota e mussarela.
Com essa movimentação, a Tirolez entra num segmento gourmet que valoriza produtos de textura cremosa, ingredientes premium e identidade artesanal, além de fortalecer sua presença no mercado de queijos especiais.
Compradora: Tirolez
Empresa adquirida: Levitare
Produto-chave incorporado: burrata de búfala
Linha já existente da Levitare: queijos frescos de búfala (burrata, ricota, mussarela etc.)
Objetivo: diversificar portfólio com produtos premium e explorar nicho de queijos especiais
A burrata traz valor premium
A textura cremosa e o perfil gourmet desse queijo permitem preços mais elevados e apelo para consumidores exigentes, o que ajuda a margem do negócio.
Diversificação protegida
Ao entrar em um novo segmento adjacente, a Tirolez não abandona sua especialidade, mas adiciona produtos que potencialmente reduzem riscos (dependência de linha única).
Sinergias operacionais
A aquisição permite aproveitar estrutura existente de produção, distribuição e marketing, potencializando escala e reduzindo custo por unidade — especialmente nos produtos mais “delicados” como a burrata.
A Syonet, referência em soluções de CRM, comprou a Campos Dealer, startup voltada para gestão de vendas no agronegócio. A aquisição marca a entrada mais forte da empresa no setor, ampliando sua presença em um mercado cada vez mais digitalizado e competitivo.
O movimento segue a tendência de especialização em nichos estratégicos: enquanto a Syonet já atua com tecnologia de CRM em diferentes segmentos, a Campos Dealer traz expertise focada no agro, setor que tem alta demanda por ferramentas de gestão e eficiência.
Compradora: Syonet (CRM)
Empresa adquirida: Campos Dealer (startup de gestão de vendas no agro)
Objetivo: fortalecer presença no agronegócio e acelerar expansão em mercados especializados
Setor: agro digital, em expansão e cada vez mais integrado a soluções tecnológicas
CRM no campo
O agronegócio também precisa de ferramentas para organizar vendas, clientes e dados — e a Syonet agora terá soluções desenhadas especificamente para esse público.
Aquisição estratégica
Em vez de desenvolver do zero, a Syonet comprou quem já entende o setor, acelerando sua entrada no agro.
Digitalização crescente
O agro brasileiro, gigante em produção, ainda tem grande espaço para evoluir na gestão digital. Isso abre portas para novos negócios e serviços de tecnologia.
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É graduanda em Letras pela UFMG, com atuação focada em comunicação digital, produção de conteúdo e estratégia de marketing. Tem experiência com criação e design de newsletters, marketing no Instagram, endomarketing, SEO, Google Analytics, copywriting, blogs, e produção de conteúdo para web. Domina ferramentas como Canva, WordPress, Google Ads, além de ter certificações em Marketing Digital, SEO, Analytics e Redação Web por instituições como Udemy, Sebrae, Rock Content e Rock University.
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