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IPOs em xeque: enquanto Índia avança, EUA travam e Brasil patina – 07/10/2025

Índice

Investidores asiáticos fazem movimentar bilhões em fusões no Brasil em 2025
IPOs

Um estudo do UBS BB revela que investidores asiáticos intensificaram operações de fusões e aquisições (M&A) no Brasil em 2025. Até meados de setembro, os asiáticos estavam responsáveis por quase 40% do volume cross-border, totalizando cerca de US$ 12,5 bilhões. Esse valor representa 14,5% do montante global de US$ 35,2 bilhões em M&A no país.

Das 16 maiores fusões anunciadas no ano, 5 tiveram participação de capital asiático — inclusive operações da China. Setores como infraestrutura, energia, mineração, óleo e gás lideram esse interesse, mas há movimentação também em varejo e tecnologia.

A ascensão vem junto de uma mudança nas relações globais: com restrições dos EUA à China e busca por investimentos em ambientes mais estáveis, o Brasil surge como destino atraente para quem busca diversificação. O UBS projeta que esse fluxo vai crescer ainda mais até o fim do ano.

Principais pontos

Ponto Detalhe
Volume asiático em M&A cross-border ~ US$ 12,5 bilhões até setembro de 2025
Participação no total de M&A no Brasil 14,5% dos US$ 35,2 bilhões transacionados
Entre os maiores negócios 5 das 16 maiores fusões envolveram capital asiático
Setores mais visados Infraestrutura, energia, mineração, petróleo & gás; também varejo e tecnologia
Motivo do aumento do interesse Cenários geopolíticos, restrições nos EUA, boas relações Brasil-Ásia e estabilidade do país
  1. Cross-border = investimento internacional
    “Cross-border M&A” significa fusões ou aquisições feitas por empresas de outros países — no caso, da Ásia — que investem em empresas brasileiras.

  2. Importância geopolítica
    Restrições políticas e tarifárias nos Estados Unidos tornaram mercados como o Brasil mais atraentes para investidores asiáticos buscando novas oportunidades e menor interferência regulatória.

  3. Setores defensivos são porto seguro
    Investimentos crescentes em infraestrutura, energia, mineração e óleo & gás ocorrem porque esses setores oferecem geração de caixa previsível, menos sensibilidade a crises econômicas e demanda constante — ideal para quem busca segurança com bom retorno.

IPOs em xeque: enquanto Índia avança, EUA travam e Brasil patina
Estudo

O mercado global de aberturas de capital vive um momento de contrastes. De um lado, a Índia e outros emergentes surfam uma onda de confiança, atraindo investidores com IPOs bilionários e uma regulação mais ágil. No caminho oposto, os Estados Unidos enfrentam um impasse inusitado: a paralisação do governo congelou a atuação da SEC e deixou diversas ofertas no limbo, apesar de já ter movimentado mais de US$ 30 bilhões em 2025. No Brasil, a situação é ainda mais delicada: há quase quatro anos não se vê uma listagem relevante na B3. A combinação de juros elevados, insegurança regulatória e fraco desempenho de estreantes afastou investidores e empurrou empresas para alternativas como fusões, aquisições e follow-ons.

No balanço, o cenário mostra que o apetite por risco existe, mas a janela de oportunidades depende fortemente da estabilidade macroeconômica e regulatória de cada país. Enquanto a Índia atrai capital com velocidade e previsibilidade, os EUA sofrem com bloqueios institucionais e o Brasil permanece em compasso de espera, forçando companhias a buscar outros caminhos de financiamento e crescimento.

Brasil: secas, desafios e alternativas

Situação crítica

  • O Brasil enfrenta seu “maior hiato de IPOs em quase 30 anos”. O último grande ciclo de listagens se encerrou em 2021, e desde então poucas empresas têm aberto capital no mercado local.

  • Essa “seca” não é só consequência de crise global, mas reflexo de fatores locais: juros elevados, ambiente macroeconômico incerto, carga tributária pesada, insegurança jurídica e baixa previsibilidade regulatória.

  • Como resposta, muitas empresas brasileiras têm buscado alternativas de captação — IPOs no exterior, ofertas subsequentes (follow-ons), fusões e aquisições.

Razões profundas

  1. Custo de capital elevado: Juros altos reduzem o apetite de investidores por ativos de maior risco, favorecendo aplicações mais seguras como títulos públicos.

  2. Avaliações frágeis: IPOs exigem estimativas de valor futuro — em ambientes de alta volatilidade ou perspectivas instáveis, essas projeções são mais riscos que oportunidades.

  3. Liquidez e dinâmica de mercado: Com poucas empresas novas, o mercado de ações no Brasil fica “envelhecido”, com menor renovação e menor diversidade de papéis, o que também afasta novos entrantes.

  4. Regulação e governança: Empresas hesitam em listar se não estiverem seguras sobre obrigações com acionistas minoritários, regras contábeis, proteções e fiscalizações.

Comparando Brasil, Índia e EUA: forças relativas

País / mercado Ambiente favorável Obstáculos principais Estratégias emergentes
Índia / mercados emergentes Regulação flexível, forte demanda doméstica, apetite por inovação Concorrência, riscos macroglobal IPOs robustos, listagens locais, expansão via capital interno
Estados Unidos Mercado de capitais profundo, base global de investidores Crises institucionais (shutdown), regulação pesada, competição de ofertas IPOs “pausados”, pressão regulatória, financiamento alternativo via capital privado
Brasil Potencial de empresas competitivas, mercado inexplorado Juros altos, insegurança jurídica, baixa renovação de empresas listadas Buscar IPOs no exterior, ofertas subsequentes, fusões e aquisições estratégicas

Possíveis cenários e estratégias para o Brasil

  • Cenário otimista (recuperação gradual): Caso haja queda dos juros no médio prazo, maior estabilidade política e reformas regulatórias, poderemos ver uma reativação tímida de IPOs, especialmente de empresas de tecnologia, agronegócio e infraestrutura.

  • Cenário realista (equilíbrio via alternativas): A retomada forte de IPOs pode demorar. Assim, veremos mais fusões & aquisições, joint ventures, ofertas internacionais e follow-ons de empresas já listadas.

  • Cenário pessimista (prolongamento da estagnação): Juros que não recuam, crises políticas ou choques externos prolongados podem manter o mercado de IPOs brasileiro “adormecido” por mais tempo.

Para “desbloquear” esse ciclo, seriam úteis ações como:

  • reforma regulatória que fortaleça proteção a acionistas minoritários e ofereça previsibilidade legal

  • incentivos à listagem de empresas menores (ex: regras diferenciadas, menores custos)

  • reformas macroeconômicas que reduzam juros e tragam confiança de longo prazo

  • modelos híbridos de listagem (ex: dual listing Brasil + exterior)

Orizon reacende estratégia de M&A ao adquirir aterro por R$ 40 milhões em SP

Fusões

Depois de um hiato de pouco mais de um ano sem aquisições, a Orizon retoma sua agenda de fusões e aquisições ao comprar 100% da G4 Gestão e Controle de Materiais, que opera um aterro sanitário em Presidente Prudente (SP). A transação foi avaliada em R$ 40 milhões, incluindo cláusula de earn-out vinculada a desempenho futuro.

O aterro está em funcionamento há cerca de um ano, já processou 100 mil toneladas e gera entre R$ 7,5 e R$ 8,5 milhões de EBITDA anual. A Orizon visualiza potencial de dobrar esse volume.

A compra marca a entrada da companhia no oeste paulista, uma localização estratégica por causa da proximidade com municípios do Paraná e Mato Grosso do Sul. Também reforça a tese de gerar valor com biogás, reciclagem, créditos de carbono e uso da infraestrutura local de biometano. A Orizon já havia captado R$ 635 milhões em follow-on, com R$ 400 milhões aportados por acionistas controladores.

Principais destaques

  • Aquisição de 100% da G4, dona do aterro de Presidente Prudente (SP)

  • Valor da transação: R$ 40 milhões, com earn-out

  • Volume já processado: 100 mil toneladas

  • EBITDA do ativo: entre R$ 7,5 e R$ 8,5 milhões/ano

  • Potencial de dobrar volume e expandir capacidades em biogás, reciclagem e créditos de carbono

  • Uso estratégico do gasoduto de biometano que atende a cidade

  • Captação recente de R$ 635 milhões para financiar M&As e expansão

  1. Retorno à estratégia inorgânica
    Após um período sem fazer aquisições, a empresa demonstra que está pronta para reinvestir e crescer por meio de compras estratégicas de ativos.

  2. Integração vertical sustentável
    Ao adquirir um aterro, a empresa pode expandir além de destinação de resíduos: entrar em biogás, purificação de biometano, captura de carbono etc.

  3. Posicionamento geográfico vantajoso
    O ativo em Presidente Prudente dá acesso a regiões vizinhas com demanda de resíduos e fortalece a presença da empresa em um estado economicamente relevante.

Americanas negocia venda da Uni.Co por R$ 153 milhões
Venda

A Americanas está avançando com a venda da sua unidade de serviços financeiros, Uni.Co, e já recebeu proposta de R$ 153 milhões. A operação ainda está em fase de estruturação. A ideia é que a empresa se desfaça dessa divisão para focar em seu core business de varejo, reduzindo riscos e simplificando sua estrutura.

Principais pontos da notícia

  • Proposta estimada de venda: R$ 153 milhões

  • Unidade vendida: Uni.Co — braço financeiro da Americanas

  • Motivação: simplificar estrutura e focar no varejo

  • Status: negociação em andamento, não concluída

  1. Desinvestimento estratégico
    Ao vender Uni.Co, a empresa busca limpar o balanço, reduzir complexidade operacional e concentrar esforços onde tem mais vantagem competitiva — no varejo.

  2. Recuperar liquidez e foco
    A quantia recebida pode ajudar a reduzir dívidas ou reforçar caixa, o que dá mais fôlego para enfrentar desafios de mercado e competição no setor de comércio.

  3. Transição de papel da operadora financeira
    A saída desse segmento mostra uma mudança de postura: em vez de ser varejista + fintech, a empresa volta ao modelo mais tradicional, com menos riscos regulatórios e operacionais.

Tirolez amplia portfólio com aquisição da Levitare e entra no mercado de burrata
Aquisções

A Tirolez, tradicional marca do setor de laticínios, comprou a Levitare — especializada em queijos frescos de búfala — e incorporará a burrata ao seu catálogo. A Levitare já oferece uma linha diversificada de queijos de búfala, incluindo burrata, ricota e mussarela.

Com essa movimentação, a Tirolez entra num segmento gourmet que valoriza produtos de textura cremosa, ingredientes premium e identidade artesanal, além de fortalecer sua presença no mercado de queijos especiais.

Principais pontos da notícia

  • Compradora: Tirolez

  • Empresa adquirida: Levitare

  • Produto-chave incorporado: burrata de búfala

  • Linha já existente da Levitare: queijos frescos de búfala (burrata, ricota, mussarela etc.)

  • Objetivo: diversificar portfólio com produtos premium e explorar nicho de queijos especiais

  1. A burrata traz valor premium
    A textura cremosa e o perfil gourmet desse queijo permitem preços mais elevados e apelo para consumidores exigentes, o que ajuda a margem do negócio.

  2. Diversificação protegida
    Ao entrar em um novo segmento adjacente, a Tirolez não abandona sua especialidade, mas adiciona produtos que potencialmente reduzem riscos (dependência de linha única).

  3. Sinergias operacionais
    A aquisição permite aproveitar estrutura existente de produção, distribuição e marketing, potencializando escala e reduzindo custo por unidade — especialmente nos produtos mais “delicados” como a burrata.

Syonet avança no agro com aquisição da Campos Dealer
Fusões

A Syonet, referência em soluções de CRM, comprou a Campos Dealer, startup voltada para gestão de vendas no agronegócio. A aquisição marca a entrada mais forte da empresa no setor, ampliando sua presença em um mercado cada vez mais digitalizado e competitivo.

O movimento segue a tendência de especialização em nichos estratégicos: enquanto a Syonet já atua com tecnologia de CRM em diferentes segmentos, a Campos Dealer traz expertise focada no agro, setor que tem alta demanda por ferramentas de gestão e eficiência.

Principais pontos

  • Compradora: Syonet (CRM)

  • Empresa adquirida: Campos Dealer (startup de gestão de vendas no agro)

  • Objetivo: fortalecer presença no agronegócio e acelerar expansão em mercados especializados

  • Setor: agro digital, em expansão e cada vez mais integrado a soluções tecnológicas

  1. CRM no campo
    O agronegócio também precisa de ferramentas para organizar vendas, clientes e dados — e a Syonet agora terá soluções desenhadas especificamente para esse público.

  2. Aquisição estratégica
    Em vez de desenvolver do zero, a Syonet comprou quem já entende o setor, acelerando sua entrada no agro.

  3. Digitalização crescente
    O agro brasileiro, gigante em produção, ainda tem grande espaço para evoluir na gestão digital. Isso abre portas para novos negócios e serviços de tecnologia.

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