Finanças corporativas
As demonstrações contábeis consistem em um conjunto de informações que devem ser obrigatoriamente divulgadas pela administração de uma empresa, segundo a legislação e os requisitos regulatórios aplicáveis.
Para as empresas de capital aberto, as demonstrações contábeis são obrigatórias anualmente. Em muitos casos, pode ser solicitada a sua realização trimestralmente, conforme legislação e regulamentação.
Estes relatórios têm a função de informar a posição patrimonial e financeira, incluindo movimentação de bens, resultados e o fluxo financeiro da instituição.
Portanto, as demonstrações contábeis representam a prestação de contas de toda movimentação de ativos e passivos aos acionistas, sócios e usuários de contabilidade. Também fornece excelentes parâmetros para a tomada de decisões gerenciais.
Há diversos tipos de demonstrações contábeis consideradas obrigatórias no Brasil, e seus requisitos são definidos pelo CPC 26.
O CPC 26 estabelece as diretrizes gerais para a elaboração e apresentação das demonstrações contábeis, e, neste artigo, falaremos sobre as demonstrações obrigatórias para empresas de capital aberto.
Índice
As empresas de capital aberto são aquelas que possuem ações negociadas em bolsas de valores, permitindo que o público invista nelas. Como essas empresas têm uma base de investidores diversa, incluindo indivíduos, fundos de investimento e outras empresas, a transparência financeira se torna crucial. As demonstrações contábeis oferecem informações detalhadas sobre a saúde financeira do negócio, auxiliando os investidores, analistas financeiros, reguladores e outros stakeholders a tomarem decisões informadas.
Além disso, a precisão e a conformidade das demonstrações contábeis são fundamentais para manter a confiança do mercado e garantir que a empresa esteja em conformidade com as leis e regulamentações pertinentes.
A qualidade das demonstrações contábeis pode impactar diretamente o valor das ações de uma empresa, sua capacidade de levantar capital e sua reputação no mercado.
O balanço patrimonial visa apresentar a conjuntura financeira e patrimonial de uma instituição, em uma determinada data. Este, portanto, pode ser considerado um resumo de todas as operações e registros efetuados pela contabilidade ao longo do exercício ou período.
O balanço patrimonial é dividido em três seções principais: os ativos (bens e direitos), os passivos (obrigações e dívidas) e o patrimônio líquido, que é resultante da diferença entre o valor total dos ativos e passivos.
A comparação entre ativo circulante e passivo circulante possibilita ao administrador o entendimento da situação de liquidez da empresa, ou seja: quais recursos a empresa possui para sanar dívidas a curto prazo, por exemplo.
Caso o passivo circulante seja maior que o ativo circulante, haverá dificuldades para sanar as dívidas. Caso contrário, ou seja, se os ativos circulantes são superiores aos passivos circulantes, a situação financeira a curto prazo é favorável.
Considerando que um dos principais fatores que levam as empresas a fecharem as portas são prematuramente a falta de controle sobre patrimônio líquido, ativos e passivos, fazer este balanço é fundamental.
O balanço patrimonial deve ser feito pelo menos uma vez por ano e, dependendo do regime adotado, trimestralmente. Entretanto, se você deseja avaliar as variações ocorridas durante o ano, é interessante realizar balanços mensais.
A definição de “exercício” segundo a contabilidade consiste no período em que são aferidos os fatos contábeis para fins de administração patrimonial. Então, essa demonstração contábil é feita para comprovar o resultado líquido do exercício.
Para isso, são confrontados os custos, despesas e receitas, segundo o regime de competência e, então, pode-se sintetizar a situação econômica dos resultados operacionais de uma instituição, em determinado período.
A DRE é elaborada mensalmente para fins administrativos e gerenciais, trimestralmente para fins fiscais e anualmente para divulgação.
A DRE é fundamental na gestão de companhias, pois é através dela que observamos a formação do lucro e prejuízo da instituição, as principais contas que contribuíram para o resultado final e o efeito nas variações do patrimônio líquido demonstrado no balanço patrimonial.
As principais linhas da DRE incluem:
A DRE é um indicador fundamental para analisar a lucratividade e a eficiência operacional da empresa.
A DMPL apresenta toda a movimentação de contas do patrimônio líquido durante o exercício, além de apresentar também a formação e utilização de capital não derivado do lucro.
Essa demonstração apresenta a movimentação nas contas componentes e o fluxo de uma conta para outra, indicando a origem de cada acréscimo no patrimônio líquido.
A DMPL inclui elementos como:
A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) ajuda a entender como as transações e eventos financeiros impactaram o patrimônio dos acionistas no período analisado.
A Demonstração do Fluxo de Caixa é um relatório financeiro baseado nas informações do Balanço Patrimonial e da Demonstração de Resultado do Exercício.
Essa demonstração apresenta todas as entradas e saídas de dinheiro do caixa e equivalentes de caixa. Dentre as informações contidas no documento, a DFC apresenta, por exemplo, investimentos de baixo risco e liquidez imediata, realizados em um determinado período.
O detalhamento apresentado na DFC é dividido em três atividades:
Um fluxo de caixa negativo significa haver mais custos e despesas do que a receita permite, sendo um forte sinal de má administração. Por outro lado, se o fluxo de caixa for positivo, é um sinal de que a instituição consegue manter o equilíbrio entre suas contas.
A análise da DFC, quando realizada junto às demais demonstrações financeiras, permite que investidores e credores avaliem a capacidade de uma instituição gerar futuros fluxos líquidos positivos de caixa, pagar dividendos, retornar empréstimos e honrar seus compromissos.
O valor adicionado consiste na diferença entre as receitas de vendas e os bens e serviços adquiridos de terceiros.
A DVA visa apresentar o cálculo do valor adicionado e evidenciar a maneira como este valor é distribuído entre os segmentos que auxiliaram a sua obtenção, como governo e financiadores.
Portanto, representa o índice de desenvolvimento na geração da riqueza, ao comprovar a eficácia da empresa no uso dos itens de produção e comparar os valores de entradas e saídas.
Além disso, a partir da DVA, pode-se avaliar o desempenho social da empresa, uma vez que mostra a colaboração dos trabalhadores, do governo, das instituições financiadoras, entre outros stakeholders.
O Resultado Abrangente consiste nas variações no patrimônio líquido de uma empresa, decorrentes de transações e outros eventos que não são reconhecidos diretamente na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), mas que afetam o patrimônio dos acionistas.
A DRA registra os ganhos e perdas incorridos, que tenham possível reversão no futuro. Sendo assim, abrange as variações futuras de receitas e despesas já registradas, mas que ainda não afetaram o resultado do exercício.
As notas explicativas são um complemento das demonstrações contábeis e pretende prover informações acerca de possíveis dúvidas com relação às operações da instituição.
Estas notas apresentam informações sobre a base de preparação das demonstrações financeiras e das práticas contábeis selecionadas. Divulgam informações que não estavam presentes nas demonstrações financeiras e fornecem informações adicionais necessárias.
Além disso, as notas explicativas indicam diversas informações, como: os principais critérios de avaliação utilizados, as obrigações a longo prazo, o número, espécies e classes das ações do capital social, os ajustes de exercícios anteriores, etc.
As empresas de capital aberto estão sujeitas a regulamentações e padrões de contabilidade rigorosos para garantir a transparência das informações e a proteção dos investidores. No Brasil, as principais normas que regem as demonstrações contábeis de empresas de capital aberto são:
Vamos entender melhor cada uma delas a seguir.
A Lei 6.404/76, também conhecida como a Lei das Sociedades por Ações, estabelece as regras gerais para a contabilidade e a divulgação das demonstrações financeiras de empresas de capital aberto.
Ela exige que as empresas publiquem suas demonstrações contábeis anualmente e, em muitos casos, trimestralmente, e que essas informações sejam auditadas por uma empresa independente.
A CVM é o órgão responsável pela regulamentação e fiscalização do mercado de valores mobiliários no Brasil. Ela define normas específicas sobre a divulgação de informações financeiras, incluindo as demonstrações contábeis.
A CVM exige que as empresas de capital aberto publiquem suas demonstrações contábeis segundo as normas internacionais de contabilidade (IFRS), além de seguir outros regulamentos específicos para garantir a transparência e a proteção dos investidores.
O CPC é responsável pela emissão das normas contábeis no Brasil. Suas orientações estão alinhadas com as normas internacionais (IFRS) e são fundamentais para garantir que as demonstrações financeiras sejam preparadas de forma consistente e transparente.
A auditoria dos demonstrativos contábeis por um auditor registrado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é uma exigência fundamental para garantir a transparência e a confiabilidade das informações financeiras de uma empresa.
O trabalho do auditor independente segue rigorosos padrões contábeis e normativos, assegurando que as demonstrações financeiras reflitam de forma fidedigna a posição patrimonial e o desempenho da organização.
Além de atender a requisitos regulatórios, a auditoria dos demonstrativos contábeis traz ganhos significativos para a empresa. Um dos principais benefícios é o aumento da credibilidade perante o mercado. Investidores e instituições financeiras tendem a confiar mais em empresas cujas demonstrações financeiras passaram por auditoria independente, o que pode facilitar a captação de recursos e reduzir o custo do capital.
A auditoria também pode identificar falhas nos controles internos e sugerir melhorias, tornando a gestão mais eficiente e mitigando riscos operacionais e financeiros.
Outro aspecto fundamental da auditoria de demonstrações contábeis é a conformidade com boas práticas de governança corporativa. Empresas que buscam crescimento sustentável e desejam se destacar no mercado encontram na auditoria um instrumento essencial para garantir a transparência e a integridade de suas informações financeiras.
Dessa forma, a auditoria realizada por um profissional registrado na CVM não deve ser vista apenas como uma obrigação legal, mas como uma estratégia de valorização e solidez empresarial.
As demonstrações contábeis obrigatórias apresentam dados específicos e sintetizados da situação econômico-financeira de uma instituição.
Sob várias óticas, é possível se certificar quanto à situação atual da empresa e avaliar possíveis ações para o futuro, contribuindo muito para seu sucesso.
Entretanto, é necessário que todas as demonstrações contábeis sejam apresentadas conforme a legislação, com informações complementares de itens relevantes. Desta forma, é possível realizar uma gestão estratégica e transparente de um negócio.
Ainda tem dúvidas quanto às demonstrações contábeis obrigatórias para empresas de capital aberto? Entre em contato conosco!
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