Finanças corporativas
Toda e qualquer empresa tem ativos de diferentes naturezas. Por isso, independente do porte ou área de atuação, no momento da gestão de bens, é fundamental que esses diversos ativos sejam separados em algumas categorias de grande relevância, tal como a caracterização dos bens intangíveis e tangíveis.
A partir disso, entender qual é a diferença entre estes dois tipos de ativos é fundamental para realizar uma boa gestão dos bens da instituição e conseguir se planejar, prestar contas e organizar os negócios.
Afinal, mesmo que estejam no mesmo grupo de ativo não circulante, tanto os ativos tangíveis quanto intangíveis carregam consigo características individuais e que, portanto, impactam no controle e na sua contabilização.
Apesar de ser um tema que envolve empresas diversas, bens tangíveis e bens intangíveis ainda gera algumas dúvidas no momento da gestão. Por isso, neste artigo você irá conferir um pouco mais sobre os ativos intangíveis e em que ponto ele se diferencia dos ativos tangíveis, tirar suas dúvidas e se preparar para realizar uma gestão muito mais eficiente dos bens do seu negócio.
Continue a leitura.
Logo de início, é necessário entender o conceito do que é um bem e/ou um ativo intangível. De forma simples e direta, os bens intangíveis podem ser identificados como aqueles que não têm uma forma física, ou seja, como o próprio nome diz, não são “tangíveis”.
Um outro detalhe fundamental que precisa ser considerado no momento da definição de bens intangíveis é a sua classificação. Para isso, o CPC 04 define vários requisitos.
Dentre os requisitos estabelecidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis, o primeiro ponto relevante para a definição de um ativo como intangível é se ele se enquadra na definição de bem. Isto é, aqueles elementos separáveis, que são controlados por uma empresa e que possam gerar benefício no futuro.
Uma vez identificado como um bem da empresa, é necessário que ele possua uma vida útil identificável acima de um ano.
Os requisitos estabelecidos pelo CPC 04 servem tanto para os ativos de natureza intangível quanto de natureza tangível.
Para classificar um item como intangível de acordo com os requisitos definidos pelo CPC 04, atente-se aos seguintes critérios:
Como dito anteriormente, o bem intangível vai ser aquele bem que uma empresa possui, mas que não pode ser representado fisicamente. Contudo, não se pode dizer que simplesmente pelo fato de não existir fisicamente trata-se de um bem intangível.
Para ser definido como tal, ele deve estar de acordo com o CPC 04 que diz: “ativo intangível é um ativo não monetário identificável sem substância física”.
Um exemplo simples dessa diferenciação é o saldo bancário, que não é qualificado como um bem intangível, apesar de não existir fisicamente.
Isso acontece porque, ainda que não tenha característica física, ele é registrado como um caixa e equivalente a um caixa de um banco.
Para trazer mais clareza no momento da identificação desses ativos, confira abaixo alguns exemplos de ativos intangíveis comumente encontrados em empresas:
Quer aprender mais sobre patrimônios e bens de empresas? Veja também o artigo: Como zelar pelo patrimônio da empresa e evitar prejuízos.
Os bens intangíveis tornaram-se um dos principais fatores de geração de valor para as empresas no mundo moderno. Em um cenário cada vez mais digital e baseado no conhecimento, ativos como marcas, softwares, patentes e capital intelectual podem representar uma parcela significativa do patrimônio empresarial.
A importância de um ativo intangível se dá por diversos aspectos:
Entenda cada um desses aspectos a seguir.
Os bens intangíveis são registrados no ativo não circulante do balanço patrimonial, pois representam recursos controlados pela empresa que trarão benefícios econômicos futuros. No entanto, para que sejam reconhecidos, devem atender a critérios contábeis específicos definidos pelas normas IFRS (International Financial Reporting Standards) e pelo CPC 04 (Comitê de Pronunciamentos Contábeis no Brasil).
Para que um bem intangível seja incluído no balanço patrimonial, ele deve atender aos seguintes critérios:
Caso não atenda a esses critérios, os gastos com o bem intangível são reconhecidos como despesa no resultado do exercício.
A mensuração inicial dos bens intangíveis é um dos aspectos mais relevantes e delicados no âmbito contábil, o que exige uma atenção especial às normas vigentes e ao conceito de reconhecimento de ativos.
De maneira geral, um ativo intangível deve ser reconhecido no balanço patrimonial apenas quando for provado que os benefícios econômicos futuros a ele associados serão gerados para a entidade e quando o seu custo puder ser mensurado de forma confiável.
No entanto, é importante destacar que a mensuração inicial dos intangíveis ocorre quase exclusivamente quando há uma transação de aquisição, seja ela individual ou como parte de uma combinação de negócios. Nesses casos, o valor atribuído ao ativo reflete o montante pago ou o valor justo atribuído no momento da aquisição, proporcionando uma base sólida e verificável para o reconhecimento contábil.
Dentre os bens intangíveis mais comuns nas empresas, destacam-se:
Quando o bem intangível é gerado internamente, surgem diversas restrições ao seu reconhecimento. A formação interna de ativos intangíveis, como o desenvolvimento de marcas, reputação, know-how ou bases de clientes, raramente resulta em valores contabilizáveis de forma relevante.
Isso ocorre porque, de acordo com as normas contábeis — como o CPC 04 (IAS 38) —, muitos dos dispêndios internos estão associados a custos de manutenção, publicidade, treinamento ou atividades de pesquisa, que devem ser reconhecidos como despesa do período e não como ativo.
Mesmo nos casos em que um ativo intangível é efetivamente desenvolvido internamente (por exemplo, no caso de um software próprio para comercialização ou uso), a norma exige a separação entre as fases de pesquisa e desenvolvimento. Os custos incorridos na fase de pesquisa devem ser obrigatoriamente registrados como despesa, enquanto somente os custos da fase de desenvolvimento — que atendam a critérios rigorosos de reconhecimento — podem ser ativados.
Portanto, pode-se afirmar que a mensuração inicial de bens intangíveis de valor relevante ocorre, em regra, em decorrência de aquisições, enquanto os intangíveis gerados internamente enfrentam restrições severas, o que frequentemente torna seu reconhecimento contábil pouco expressivo ou mesmo inexistente.
Após o reconhecimento inicial, os bens intangíveis podem ser mensurados por dois métodos:
Os bens intangíveis são registrados no ativo não circulante, geralmente sob a conta “Ativos Intangíveis”. Algumas classificações comuns incluem:
Confira também: Ciclo Operacional: entenda o que é e relação com o ciclo financeiro.
No contexto das combinações de negócios, o reconhecimento contábil de ativos intangíveis adquiridos não é uma faculdade da entidade, mas sim uma obrigação normativa estabelecida pelo CPC 36 (R3) — Combinação de Negócios.
De acordo com o pronunciamento, a adquirente deve reconhecer, na data de aquisição, os ativos identificáveis adquiridos e os passivos assumidos a valor justo, independentemente de terem sido previamente reconhecidos na contabilidade da entidade adquirida.
Isso significa que todo ativo intangível adquirido em uma combinação de negócios deve ser individualmente identificado, mensurado a valor justo e registrado no balanço patrimonial da adquirente. Essa exigência reforça o princípio da fidedignidade das demonstrações financeiras, garantindo que todos os recursos econômicos obtidos na transação sejam devidamente refletidos.
Para que o bem seja devidamente identificado, é indispensável a elaboração do Laudo de Alocação do Preço de Compra (Purchase Price Allocation – PPA). Este laudo técnico é o instrumento que subsidia o reconhecimento dos ativos e passivos, demonstrando, de forma fundamentada, a separação entre o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) e os demais ativos intangíveis individualmente identificáveis, como marcas, tecnologia, contratos, carteiras de clientes, entre outros.
Exemplos de intangíveis que podem ser reconhecidos via laudo PPA:
É importante ressaltar que, sem a elaboração de um laudo PPA adequado, torna-se inviável o reconhecimento contábil dos ativos intangíveis individualmente identificáveis, comprometendo o cumprimento do CPC 36 e podendo gerar questionamentos por parte de auditores independentes e órgãos reguladores.
Por isso, o correto reconhecimento dos intangíveis adquiridos, suportado por um laudo técnico apropriado, é um requisito imprescindível para a conformidade contábil e para a transparência das demonstrações financeiras da entidade.
Ainda é muito comum encontrarmos dificuldade no entendimento e na definição dos bens tangíveis e intangíveis.
Para entender as principais diferenças que existem entre os bens tangíveis e aqueles de natureza intangível, continue a leitura.
Antes de mais nada, é necessário trazer a definição do que são os bens tangíveis. Os ativos tangíveis são aqueles que possuem natureza permanente e que são utilizados para a manutenção das atividades da empresa, bem como da integridade do seu patrimônio.
Em suma, os bens tangíveis têm uma característica mais concreta, quando em comparação com os bens intangíveis.
Alguns exemplos de bens tangíveis possíveis de serem dados são os seguintes:
Dentro da categoria de bens tangíveis se encaixam, em geral, os equipamentos e ferramentas que são necessárias para o funcionamento da empresa.
Além dessas, é importante destacar que dentro da categoria de ativos tangíveis, cabem outras duas categorias: ativos circulantes e ativos fixos.
As características que podem identificar os bens tangíveis são as seguintes:
Como descrito anteriormente, os bens intangíveis são aqueles que, por natureza, não possuem uma manifestação física – ou seja, não são tangíveis.
Além dessa característica, existem outros fatores que definem a intangibilidade de um bem.
São eles:
A avaliação de bens intangíveis tem como principal objetivo a verificação contábil das propriedades abstratas, imateriais de uma empresa, como a marca, patentes, direitos autorais, tecnologia e know-how.
Desse modo, as garantias fiduciárias são mais facilmente observáveis, principalmente quando se trata das organizações que prestam serviços, mas que não possuem lastro em bens de capital.
Dessa forma, podemos listar algumas das utilidades de realizar a avaliação de bens intangíveis, como:
Por isso, a avaliação de bens intangíveis tem grande importância para o bom funcionamento de uma empresa.
A avaliação de bens intangíveis é essencial para que empresas e investidores compreendam o real valor desses ativos e tomem decisões estratégicas mais informadas. Em um mercado onde o capital intelectual, as marcas e a tecnologia desempenham um papel fundamental, mensurar corretamente esses ativos pode impactar significativamente a saúde financeira e o crescimento empresarial.
Empresas com forte presença de ativos intangíveis, como tecnologia, patentes e marcas consolidadas, podem ter um valor de mercado muito superior ao patrimônio físico registrado.
Em operações de fusões e aquisições, a avaliação de intangíveis é essencial para determinar o preço justo da empresa e evitar distorções contábeis.
O correto reconhecimento e avaliação de intangíveis garantem que os relatórios financeiros reflitam o verdadeiro patrimônio da empresa.
Normas como o CPC 04 (R1) e o IFRS exigem que ativos intangíveis sejam mensurados com critérios objetivos, garantindo maior transparência para investidores e reguladores.
A mensuração correta dos bens intangíveis permite um melhor planejamento financeiro e estratégico.
Empresas podem otimizar sua carga tributária por meio da amortização de intangíveis e do reconhecimento de perdas por impairment.
A avaliação adequada de intangíveis ajuda na alocação de recursos, permitindo que empresas invistam em ativos com maior potencial de retorno.
Já as startups e empresas de tecnologia dependem fortemente da valorização de seus ativos intangíveis para atrair investidores e captar financiamento.
Empresas que entendem o valor de seus ativos intangíveis podem implementar estratégias mais eficazes para protegê-los, como registro de patentes e gestão de marcas.
A avaliação contínua permite identificar riscos e oportunidades relacionados a esses ativos, evitando perdas financeiras futuras.
Dentre os métodos de avaliação dos ativos intangíveis, existem 3 tipos e que serão melhor abordados a seguir. Os métodos são os seguintes:
Entenda cada um deles a seguir.
O método de custo de reposição é uma abordagem de avaliação que determina o valor de um ativo intangível com base no montante que seria necessário para recriá-lo ou substituí-lo com a mesma utilidade, no ambiente atual.
Esse método parte da lógica de que o valor do ativo está relacionado ao custo de reproduzi-lo em condições semelhantes, levando em consideração os preços, tecnologias e práticas correntes.
Existem duas variações principais desse método: o custo de reprodução e o custo de substituição.
O custo de reposição possui alguns componentes básicos comumente considerados quando a metodologia é aplicada. Dentre esses componentes, destacam-se: materiais e serviços necessários para o desenvolvimento; custos de mão de obra especializada; despesas indiretas (gerenciamento, supervisão, licenciamento); margem de lucro do construtor ou desenvolvedor; e ajustes por obsolescência (funcional, tecnológica ou econômica).
Essa metodologia é aplicável a ativos para os quais não existe um mercado ativo, e é baseado em informações objetivas de custos.
Por outro lado, exige alguns cuidados. Por não poder capturar o real valor econômico gerado pelo ativo, é preciso que essa metodologia seja escolhida com atenção às suas limitações, uma vez que há uma grande dificuldade em estimar com precisão os custos de obsolescência e melhorias tecnológicas.
O método de renda, por sua vez, avalia o valor de um ativo intangível com base nos benefícios econômicos futuros que ele é capaz de gerar. Trata-se de uma abordagem que projeta os fluxos de caixa atribuíveis ao ativo e desconta esses fluxos a valor presente, utilizando uma taxa de desconto apropriada ao risco.
Este método parte do princípio de que o valor de um ativo está relacionado à sua capacidade de gerar receita, reduzir custos ou aumentar a eficiência de uma entidade. Sua aplicação é dividida em quatro etapas, sendo elas:
O método de renda exige o uso de técnicas específicas para ser devidamente aplicado. São elas: método de alívio de royalties e excesso de receita.
O método de renda muitas vezes se destaca por refletir diretamente a contribuição econômica do ativo para a empresa, sendo útil para aqueles ativos que comumente geram receitas mensuráveis.
No entanto, a escolha desse método também exige cuidado e atenção por parte do profissional responsável, uma vez que requer dados financeiros consistentes e projetáveis, por depender de premissas e estimativas futuras. Quando mal aplicado, ou aplicado sem o uso ideal das informações necessárias, ele pode gerar incertezas durante a análise.
Os bens intangíveis desempenham um papel fundamental no valor e na competitividade das empresas. Em um mundo cada vez mais digital e orientado pelo conhecimento, ativos como marcas, softwares, patentes e goodwill são muitas vezes mais valiosos do que os bens físicos. No entanto, sua correta identificação, mensuração e gestão são essenciais para garantir transparência contábil, conformidade regulatória e tomadas de decisão estratégicas mais assertivas.
O reconhecimento adequado dos bens intangíveis no balanço patrimonial permite que empresas reflitam seu verdadeiro valor, atraiam investidores e otimizem sua estrutura financeira. Além disso, a avaliação contínua desses ativos possibilita um melhor planejamento tributário, a mitigação de riscos e a maximização dos benefícios econômicos gerados.
Diante disso, gestores e investidores devem estar atentos à importância dos bens intangíveis e adotar boas práticas para sua mensuração e controle. Seja no contexto contábil, financeiro ou estratégico, esses ativos são determinantes para o crescimento sustentável e a valorização das empresas no mercado.
Ao reconhecer e gerenciar corretamente seus bens intangíveis, as organizações não apenas fortalecem sua posição competitiva, mas também garantem um futuro financeiro mais sólido e promissor.
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