Índice
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- Venture Capital global desacelera e exige mais das startups; Brasil resiste com criatividade
- Ebrasil desafia regra da Brava Energia e pode redesenhar o controle da petroleira
- Stablecoins ganham força global e desafiam os bancos centrais
- Coca-Cola amplia produção de água Crystal no Sul com nova fábrica de R$ 380 milhões
- Venda de ativos por Vorcaro ao BTG destrava aporte no Banco Master e acelera acordo com BRB
- Bold mira expansão na América Latina e quer dobrar número de lojas no Brasil até 2030
Venture Capital global desacelera e exige mais das startups; Brasil resiste com criatividade
O mercado global de venture capital atravessa seu pior momento em oito anos. Segundo levantamento da KPMG, os fundos captaram US$ 26 bilhões no primeiro trimestre de 2025, distribuídos entre 191 veículos. Trata-se da menor cifra para o período desde 2017 — e uma queda de 16% frente aos US$ 31 bilhões do mesmo intervalo em 2024.
O ambiente internacional é de forte cautela. Tensões comerciais recentes entre Estados Unidos, México e Canadá, agravadas pelo novo “tarifaço” promovido pelo governo Donald Trump, criaram incertezas que impactam diretamente os aportes em empresas de tecnologia — especialmente as expostas a cadeias globais de fornecimento. Como consequência, houve correções nas ações das big techs e aumento da aversão ao risco por parte dos investidores.
Apesar disso, o Brasil teve desempenho relativamente positivo. Captou US$ 435 milhões em 80 operações de venture capital no trimestre, um avanço de 8,75% em relação ao mesmo período de 2024. A título de comparação, o México e o Canadá sofreram quedas expressivas, de até 40%.
Ainda assim, o cenário brasileiro tem seus próprios desafios. A Selic elevada, as incertezas fiscais e o aumento no custo de oportunidade tornam a captação mais difícil — sobretudo para startups em fase inicial. Segundo Carolina de Oliveira, sócia da KPMG e líder de Private Enterprise na América do Sul, os investidores estão mais seletivos e priorizam empresas maduras, com modelo de negócio validado, previsibilidade de receita e base de clientes sólida.
Um exemplo de destaque foi a QI Tech, fintech especializada em “banking as a service”, que levantou US$ 250 milhões em rodada Série B e atingiu valuation de US$ 1,5 bilhão. No Brasil, as fintechs representaram cerca de 30% das operações no trimestre, com foco em B2B, infraestrutura de pagamentos e crédito alternativo.
Além delas, ganham espaço setores como healthtechs, climate techs, cleantechs e inteligência artificial aplicada à produtividade, impulsionados por tendências globais como descarbonização e eficiência energética.
Por outro lado, startups em estágio inicial precisam buscar rotas alternativas para se financiar. Muitas estão recorrendo a modelos híbridos, como venture debt e corporate venture capital. Também crescem os aportes vinculados a contratos com grandes empresas, especialmente em SaaS e energia, exigindo criatividade e foco em eficiência de capital.
Com o mercado de IPOs praticamente congelado no Brasil, investidores enfrentam dificuldade para obter liquidez. Nesse contexto, as fusões e aquisições (M&A) vêm ganhando relevância. Grandes empresas têm adquirido startups para acelerar agendas digitais ou expandir sua atuação em novos mercados — como no caso de grupos hospitalares comprando healthtechs e companhias tradicionais adquirindo soluções de IA.
Embora os valores dessas transações ainda estejam abaixo do pico de 2021, a expectativa é de crescimento, consolidando o M&A como o principal caminho para retorno financeiro no atual ciclo.
Globalmente, o volume total de investimentos subiu de US$ 118 bilhões para US$ 126 bilhões, puxado por operações extraordinárias — como a rodada de US$ 40 bilhões da OpenAI, nos Estados Unidos, que continuam concentrando dois terços de todo o capital do venture capital no mundo.
Resumo da operação:
Cresce a seletividade dos investidores: A instabilidade política e econômica exige mais rigor na análise dos aportes. Startups precisam apresentar fundamentos sólidos e foco em eficiência financeira.
Financiamentos criativos ganham espaço: Modelos como venture debt, CVC e aportes ligados a contratos corporativos se tornam alternativas viáveis em um cenário com menos liquidez.
Fusões e aquisições se consolidam como saída: Com o mercado de IPOs retraído, os M&As ganham força como principal estratégia de retorno para investidores e expansão para empresas maduras.
Já consolidada no mercado, atendemos mais de 300 empresas em 22 estados do Brasil. São mais de R$ 215 bilhões avaliados em ativos e mais de 1,45 milhões de itens inventariados.
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Ebrasil desafia regra da Brava Energia e pode redesenhar o controle da petroleira
A Ebrasil, empresa de geração térmica, está em movimento para ampliar sua influência na Brava Energia. Pouco depois de conquistar uma vaga no conselho da companhia, o grupo protocolou um pedido para derrubar a cláusula de poison pill — um mecanismo de defesa que dificulta mudanças no controle acionário.
Essa cláusula exige que qualquer acionista que ultrapasse 25% do capital faça uma oferta pública de aquisição (OPA) pela totalidade das ações, com um prêmio de 25% sobre o valor de mercado. Com as ações girando em torno de R$ 18,90, isso pode elevar o custo da operação para mais de R$ 10 bilhões.
A Ebrasil alega que essa regra, válida durante a fusão que criou a Brava em 2024 (entre Enauta e 3R Petroleum), hoje limita a entrada de novos investidores estratégicos e reduz a flexibilidade da empresa. O objetivo agora é abrir caminho para futuros movimentos — como fusões, aquisições ou aumento de capital.
A movimentação ocorre em meio a tentativas recentes da Brava de se desfazer de ativos de menor valor. A companhia vendeu um campo terrestre no Rio Grande do Norte por US$ 15 milhões, mas cancelou a venda de outro ativo na Bahia. A presença da Ebrasil — que atua no setor térmico e tem interesse em gás onshore — reacende a discussão sobre o papel estratégico desses ativos no portfólio.
Além disso, a Ebrasil possui 5,3% de participação indireta via Yellowstone e experiência no setor de óleo e gás, com presença também na Ocyan (operadora do navio-sonda Papa-Terra). Diferentemente dos demais acionistas, com perfil mais financeiro, ela representa uma mudança ao trazer foco operacional para a companhia.
Agora, a Brava tem até 30 dias para responder ao pedido de assembleia. Caso contrário, a própria Ebrasil pode convocá-la. A decisão pode marcar o início de uma nova fase na governança da petroleira.
Resumo da operação:
O que é poison pill? É uma cláusula que protege acionistas, exigindo OPA com prêmio alto para quem ultrapassar determinado percentual do capital — no caso, 25%. Funciona como barreira para aquisições.
Por que a Ebrasil quer derrubar isso? Para poder ampliar sua participação na empresa sem pagar caro, além de facilitar a entrada de novos investidores e reestruturar a empresa com mais liberdade.
O que está em jogo: Mais do que uma mudança estatutária, está em jogo a possibilidade de mudança no controle da Brava, com a chegada de um acionista com histórico operacional no setor.
Stablecoins ganham força global e desafiam os bancos centrais
As stablecoins, moedas digitais atreladas a ativos reais como o dólar, já estão mudando a forma como o dinheiro circula no mundo. Cada vez mais usadas para transferências internacionais, pagamentos e reserva de valor, elas colocam pressão sobre o sistema financeiro tradicional — principalmente pela falta de regulação clara.
No Brasil, o Banco Central acendeu o alerta: o uso de stablecoins permite que valores sejam enviados ao exterior sem passar pelos controles oficiais, o que pode facilitar evasão e reduzir a eficiência da política monetária.
Essas criptomoedas representam hoje 90% do volume cripto negociado no país. De maio de 2024 a abril de 2025, foram US$ 16,2 bilhões movimentados, ou cerca de R$ 90 bilhões — valor superior ao registrado no Tesouro Direto no mesmo período.
Nos EUA, um novo projeto de lei, o Genius Act, deve aprovar a regulação das stablecoins nos próximos dias. A proposta exige lastro 1:1 em dólar ou títulos públicos americanos, além de transparência nos balanços das emissoras. A expectativa é que isso acelere o crescimento do setor, que pode chegar a US$ 3,7 trilhões até 2030, segundo o Citibank.
A tecnologia por trás dessas moedas — o blockchain — permite transações em segundos, sem intermediários e com custo quase zero. É o oposto do sistema atual de transferências internacionais via Swift, que leva dias para completar uma transação.
Além da eficiência, as stablecoins também se tornaram uma ferramenta estratégica para os EUA: ao exigir que sejam lastreadas em títulos públicos, o país fortalece o dólar e aumenta a demanda por sua dívida interna — uma forma indireta de financiar o próprio governo.
Resumo da operação:
O que são stablecoins? São criptomoedas ligadas a ativos reais (geralmente o dólar), criadas para ter valor estável. Você envia, recebe ou guarda dólares digitais com rapidez e segurança, sem depender de bancos.
Por que os bancos centrais estão preocupados? Porque stablecoins funcionam fora do sistema tradicional. Isso reduz o controle sobre o fluxo de capital e pode facilitar evasão fiscal, além de esvaziar o papel dos bancos.
O que muda com a regulação nos EUA? Com regras claras, o mercado tende a crescer muito mais. A exigência de lastro e auditoria traz segurança para investidores e reforça o poder do dólar no mundo.
Coca-Cola amplia produção de água Crystal no Sul com nova fábrica de R$ 380 milhões
A Coca-Cola Femsa e a The Coca-Cola Company vão investir R$ 380 milhões para instalar a primeira fábrica da água Crystal no Sul do Brasil, em Antônio Prado (RS). O projeto inclui a compra da empresa Bamboo, dona da planta atual, e prevê aumento de produção em seis vezes nos próximos dois anos.
A unidade atenderá Rio Grande do Sul e Santa Catarina, substituindo o envio de produtos vindos de São Paulo, o que reduzirá custos logísticos. A operação passará para controle da Coca-Cola já em agosto de 2025, com expansão total prevista para 18 a 24 meses.
O mercado brasileiro de água engarrafada cresce rapidamente. Em 2024, o consumo foi de 36 bilhões de litros, alta de 20% em relação ao ano anterior, segundo a Abinam. Ainda assim, o consumo por pessoa no Brasil (175 litros/ano) está abaixo da média europeia (250 litros/ano).
O mercado é pulverizado, com forte presença de marcas regionais. A Minalba, do Grupo Edson Queiroz, é uma das principais concorrentes nacionais.
Com a nova planta, a capacidade anual da Crystal aumentará 27%, podendo ser duplicada futuramente, conforme a demanda. A fábrica começará com garrafas de 1,5 litro e, após a ampliação, incluirá copos e embalagens menores (300 ml e 500 ml).
A operação passará de 27 para até 120 funcionários. Essa expansão faz parte de um plano maior: o sistema Coca-Cola prevê R$ 7 bilhões em investimentos no Brasil em 2025, aumento de 75% sobre o ano anterior. Desse total, R$ 886 milhões já estão destinados ao Rio Grande do Sul.
Resumo da operação:
Por que fazer uma fábrica no Sul? Porque hoje a água é enviada de São Paulo, o que é caro e ineficiente. Produzir perto do consumidor reduz custos e melhora a logística.
O que muda com essa expansão? A fábrica será modernizada para produzir mais e em diferentes formatos, atendendo melhor o mercado local. O impacto será tanto em escala quanto em variedade.
Por que a Coca-Cola aposta tanto em água? O consumo está crescendo, e o Brasil ainda tem muito espaço para avançar. A empresa vê a água como um setor estratégico, com grande potencial de longo prazo.
Venda de ativos por Vorcaro ao BTG destrava aporte no Banco Master e acelera acordo com BRB
A venda de R$ 1,5 bilhão em ativos de Daniel Vorcaro para o BTG Pactual deve destravar um passo crucial para a venda de parte do Banco Master ao BRB (Banco de Brasília). Segundo informações do Pipeline, o montante será utilizado para complementar o aporte de R$ 2 bilhões exigido como parte da negociação para transferência de 58% do capital do Master ao BRB.
Até o momento, R$ 1 bilhão já havia sido injetado, e os recursos da operação com o BTG viabilizam o pagamento da parte restante, acelerando o andamento da transação com o banco controlado pelo governo do Distrito Federal.
Apesar desse avanço, o aporte não resolve os desafios financeiros enfrentados pela parte do Banco Master que não será incluída no acordo com o BRB. Essa estrutura remanescente do banco segue pressionada por um passivo superior a R$ 8 bilhões, com vencimentos concentrados até o final de 2025.
Diante desse cenário, o Master recorreu ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC) e obteve um empréstimo emergencial de cerca de R$ 4 bilhões para reforçar seu caixa e ganhar fôlego. Ainda assim, a instituição precisa encontrar novos investidores ou compradores para seus ativos — em especial, sua carteira de precatórios — para continuar honrando compromissos.
A J&F Investimentos, holding que controla marcas como JBS e Eldorado, chegou a analisar os ativos de Vorcaro e a possibilidade de adquirir fatias do banco. No entanto, acabou desistindo da operação, segundo apuração do Pipeline.
O BTG Pactual, por sua vez, demonstrou interesse em ativos específicos pertencentes a Daniel Vorcaro, principalmente os ligados a precatórios, mas não pretende adquirir diretamente a carteira que pertence ao Banco Master. Segundo fontes próximas, o foco do BTG está em créditos com maior potencial de recuperação e rentabilidade.
No encerramento de 2024, o Master possuía aproximadamente R$ 8,7 bilhões em precatórios e direitos creditórios — ativos oriundos de decisões judiciais com valores a receber. Embora possam representar boas oportunidades de retorno, esse tipo de ativo também carrega riscos e depende de decisões e prazos judiciais, o que afasta parte dos investidores institucionais.
Para concluir a venda da fatia do Master ao BRB, além do aporte financeiro, será necessário superar questões regulatórias e operacionais, mas a expectativa é de que a entrada dos novos recursos viabilize o avanço dessas etapas.
Resumo da operação:
Por que a venda dos ativos ao BTG é importante? Ela fornece os recursos finais para que Daniel Vorcaro complete o aporte necessário e feche a venda de parte do Banco Master ao BRB. Sem isso, a negociação não avançaria.
O que acontece com o restante do Banco Master? Essa parte, que não será adquirida pelo BRB, continua com dívidas significativas. O banco tenta levantar recursos extras, seja com empréstimos (como o que obteve do FGC) ou vendendo ativos, como precatórios.
Por que BTG e J&F estão envolvidos? A J&F analisou a compra de ativos do banco, mas desistiu. Já o BTG comprou ativos de Vorcaro (não diretamente do Master) e avalia precatórios de forma seletiva, como uma oportunidade de investimento.
Bold mira expansão na América Latina e quer dobrar número de lojas no Brasil até 2030
A Bold Hospitality Company, holding que agora comanda o Outback, Aussie e Abbraccio no Brasil, está de olho em novas marcas na América Latina para ampliar seu portfólio. Desde novembro de 2023, a empresa é controlada pela gestora Vinci Partners, que adquiriu 67% da operação brasileira da Bloomin’ Brands International (BBI). Os outros 33% permanecem com os antigos donos americanos.
Segundo o CEO Pierre Berenstein, a Bold tem estrutura para operar marcas diversas e escaláveis, e já avalia aquisições em grandes mercados da região. Ao mesmo tempo, a expansão doméstica também segue firme. O objetivo é chegar a todos os estados brasileiros, com foco em regiões ainda não atendidas, como Tocantins, Amapá, Roraima, Amazonas e Acre. “Estaremos em breve em Manaus, só falta o ponto certo”, afirma.
Hoje, a rede soma 203 restaurantes no Brasil, sendo 184 do Outback. A meta é ambiciosa: chegar a 400 unidades até 2030, com pelo menos 100 novas do Outback.
Mas abrir um novo restaurante exige planejamento logístico detalhado. A famosa cebola empanada (Blooming Onion), por exemplo, vem do Chile ou da Espanha, com safra pequena no Brasil. Já a costela suína é fornecida por sete empresas distintas. Esses ingredientes exigem aviso com até seis meses de antecedência para garantir o padrão de qualidade.
Além do modelo 100% próprio, a holding mantém um sistema de “sócios-proprietários”, onde 85% começaram como atendentes ou cozinheiros e têm autonomia para contratar ou demitir. Quando um deles sai, a empresa recompra sua parte.
Com uma equipe de 15 mil funcionários, a Bold não fez demissões durante a pandemia e acelerou a transformação digital. Um plano de 10 meses para iniciar o delivery foi executado em apenas 10 dias. Hoje, o serviço representa 20% da receita – já chegou a 100% durante a crise.
A cozinha de cada restaurante serve também as três marcas, em um modelo próximo ao de dark kitchens, embora sem operações 100% digitais. Contando o delivery individual de cada bandeira, o grupo opera hoje cerca de 500 unidades.
A expectativa é fechar o ano com R$ 3,2 bilhões em vendas, um crescimento de 10% em relação ao ano anterior. O Outback representa 95% desse faturamento, com destaque para os itens mais populares: mais de 2 milhões de cebolas, 5 milhões de costelas e 19 milhões de pães australianos devem ser vendidos.
Sobre o famoso pão, Berenstein brinca: “É uma tradução do ‘bushman bread’. Pão do mato não ia funcionar”.
Qualidade, segundo ele, é prioridade. Tudo é preparado na hora, inclusive molhos, a manteiga e até a anchova da Caesar Salad, que é escaldada na cozinha antes de ir ao prato.
Por fim, um detalhe curioso: a marca espera cantar 1 milhão de “parabéns pra você” este ano nos restaurantes.
Resumo da operação:
A Bold quer crescer dentro e fora do Brasil: Com lojas em quase todo o território nacional, a holding agora mira também novos mercados na América Latina, em busca de marcas que possam ser replicadas em larga escala.
A operação é altamente planejada: Abrir um restaurante Outback envolve uma logística internacional precisa, como garantir o fornecimento de ingredientes importados e formar parcerias com produtores meses antes da inauguração.
Cultura e pessoas são o diferencial: Além da qualidade dos pratos, a empresa valoriza os colaboradores. Muitos dos sócios das lojas começaram como garçons ou cozinheiros, o que fortalece o comprometimento com o negócio.